Postado por Ulisses Feles Kotake | Em 09/10/11 | Fonte: Revista GuitarLegends 03/04/08
Segue abaixo entrevista com o guitarrista Randy Rhoads, conduzida por John Stix e publicada na revista Guitar Legends em 1988:
Conheci Randy Rhoads em 14 de agosto de 1981, quando estava se aquecendo com sua guitarra no Coliseu Nassau em Long Island. Ele tinha 24 anos e estava em turnê do Blizzard of Ozz, seu primeiro álbum com Ozzy Osbourne, e enquanto o Def Leppard estava ocupado aquecendo o público do Coliseum, passei 45 minutos o conhecendo. Como muitos ouvintes, eu tinha sido conquistado pelo seu trabalho em Blizzard of Ozz - sua técnica que fluia naturalmente, sua obra excelente e apaixonada, um guitarrista unico. No tempo que levou para tocar um dos lados do disco, eu já tinha um novo guitarrista favorito. Infelizmente, ele estaria morto apenas cerca de sete meses depois, quando um pequeno avião em que ele era um dos passageiros caiu na manhã de 19 de março de 1982.
Ao longo da nossa entrevista, Randy foi suave e atencioso. Eu lembro de ter sido surpreendido por algumas de suas revelações. Por exemplo, eu estava chocado com a revelação de que ele nunca teve um aparelho de som. Além do mais, eu estava surpreso com o seu sotaque inglês, uma inflexão inconsistente com sua educação Califórniana. Ainda assim, a entrevista correu bem, e voltamos a nos falar de novo outras vezes, informalmente, por telefone.
O que se segue são as duas entrevistas formais que eu fiz com Randy do começo ao fim. Pelo que eu sei, estas são as únicas entrevistas que Randy deu que focava seu lado guitarrista.
Por John Stix
GW: Quando você começou a tocar?
Randy Rhoads: Eu tenho tocado por cerca de 18 anos. Comecei quando eu tinha sete, mas comecei a desenvolver um estilo só quando eu comecei a ensinar. Meus alunos queriam aprender alguns licks de algum álbum, e no começo eu pensei que estava tudo bem. Mas depois pensei, “espere um minuto... eles precisam ter o seu próprio estilo”. Então eu comecei juntando o que eles queriam aprender com um pouco de técnica, porque você pode encontrar sua própria voz como guitarrista se você entender a técnica. Para mim foi tudo sobre a técnica, nunca consegui reproduzir discos porque eu não tinha sequer um toca-discos. Mas eu vou te dizer uma coisa: eu aprendi mais do que nunca ensinando. Meus alunos vinham com minhas progressões e perguntavam que tipo de acompanhamento eu poderia ouvir sobre elas. Então eu aprendia os licks.
GW: Você devia já ter suas proprias escalas e ser conhecido todos os seus acordes.
Rhoads: Eu sabia um pouco, porque eu estava tocando havia um bom tempo.
GW: Como e por que você começou a tocar guitarra?
Rhoads: Eu sempre adorei. Eu comecei com uma velha Gibson acustica.
Rhoads: Ninguém. Hoje em dia, eu não tenho um ídolo na guitarra; eu tenho meus favoritos. Quando eu comecei a gostar de rock, o único ídolo que eu tinha era o Elvis Presley. Eu pensava que ele era o maior. Eu não compreendia o que realmente era guitarra naquela epoca. Eu era muito jovem pra dizer: "Oh, ele toca muito." Tentei vários exercicios, mas eu não poderia continuar com isso. Eu não tinha paciência. Quando eu voltei para as aulas, na minha adolescência, estudei música clássica, e isso fez maravilhas para mim.
GW: Parece que você não tem sonhos só de rock and roll...
Rhoads: Não. Eu vou te dizer, quando eu tinha 12 e 13, eu comecei tocando, e então eu disse: “É isso. Eu quero fazer isso de verdade". Quando eu me levantei e toquei na frente das pessoas, foi uma sorte. Esses caras em Burbank costumavam improvisar em uma montanha. Eu pensei: "eu quero me levantar e tocar". Na primeira vez que eu o fiz, as pessoas começaram a bater palmas. Eu fiquei encantado.
GW: Você estava apenas improvisando em escalas de blues?
Rhoads: Sim. Um amigo me mostrou a escala de blues, e aí eu comecei a ver como os acordes, a pestana, se conectavam à escala.
GW: Mas você nunca ouviu blues? Você não foi levado a um estado de imitação / inovação?
Rhoads: Não. Para ser honesto, essa é uma maneira frustrante de se aprender. O que você vai fazer com isso se você aprender um lick? Como você vai usar isso em suas músicas?
GW: Aos 13 anos, você fazia parte de alguma banda?
Rhoads: Não. Minha primeira banda de verdade se chamava Quiet Riot. (Rhoads deixou o Quiet Riot em 1979 para se juntar a banda de Ozzy. O grupo continuou na sua ausência e lançou o álbum Metal Health em 1983, um ano apos sua morte). Eu tinha 16 ou 17 anos quando começamos. Antes disso eu apenas tocava com os amigos.
GW: Você tem alguma influencia?
Rhoads: Eu tenho varias influências de toda parte. É difícil de identificar. Eu gosto muito de música clássica, eu gosto muito de blues rock
GW: Por que você gosta de música clássica?
Rhoads: Eu acho que é uma coisa que tem muita técnica. Muito do Heavy Metal é em tom menor, assim você pode usar uma grande quantidade de menores em seus solos, o que automaticamente é muito clássico. Quanto mais você diversifica a partir disso, mais você encontra um monte de notas ou acordes que funcionam, como acordes diminutos, que também soam erudito.
GW: Historicamente, músicos de rock não gostam de música clássica e vice-versa, mas muitos roqueiros, como Jeff Beck, Jimmy Page e Leslie West, tocavam peças acústicas maravilhosas.
Rhoads: Leslie West é um dos meus guitarristas favoritos de todos os tempos. Adoro o seu “feeling” e ele usa um monte de elementos eruditos em suas músicas. Melódico, mas moderado. Beck também é um dos meus favoritos. Eles não são meus ídolos, mas eu realmente gosto do jeito que eles tocam. Beck e tambem Michael Schenker, que soa bem erudito.
GW: Você é um guitarrista realizado?
Rhoads: Não, eu jamais diria isso. Mais uma vez eu digo, eu nunca tive paciência de continuar com as aulas. Eu queria poder ser bom.
GW: Sua mão esquerda soa tão naturalmente. Você pratica muito?
Rhoads: Eu costumava tocar constantemente. Na verdade, eu não poderia deixar de lado. Eu sempre ensaiava com os amigos, eu sempre tocava no meu quarto e eu ensinava oito horas por dia, seis dias por semana, cada meia hora um estudante diferente. Agora que eu estou fora disso eu pratico menos, porque eu não tenho tempo. Eu não posso me sentar num quarto de hotel e praticar.
GW: Me dê uma pequena aula de guitarra. O que ajuda com a técnica?
Rhoads: Eu costumava fazer meus alunos praticarem Hammer-ons e Pull offs pra cima e para baixo do pescoço da guitarra, passando por todos os trastes com os quatro dedos tocando cada corda uma unica vez. Começando no primeiro traste, eu faço um hammer on em cada corda em ascendente descendo pelas cordas, em seguida, eles faziam a mesma coisa se movendo para cima em todo o segundo traste, então para baixo em todo o terceiro traste, e assim por diante. Se você fizer isso todos os dias, você acumula muita força. Faça isso com um som limpo - não use distorção. Isso é moleza.
GW: E os exercícios para a mão direita?
Rhoads: Eu sempre pratiquei muita palhetada dupla: pegue algumas notas e toque as normalmente, e depois tente sincopar o caminho alternando o curso da palhetada. A principal coisa que se deve fazer quando se toca guitarra é levá-la como ela vem. Não tente fazer muito com pouco tempo. Apenas conheça o seu próprio estilo. Isso é importante.
GW: Você estava ensinando até que entrou na banda de Ozzy?
Rhoads: Sim, eu estava fazendo isso e tocando no Quiet Riot. Rudy Sarzo (então baixista da banda de Osbourne) estava no grupo também. Costumávamos se apresentar com bastante freqüência em Los Angeles e tambem lançamos dois álbuns no Japão pela CBS / Sony. Depois de ensinar, também gostava de ensaiar e fazer shows com a banda.
GW: Como você ficou sabendo que Ozzy procurava um guitarrista?
Rhoads: Um baixista de uma banda de L.A. (Dana Strum, mais tarde, do grupo de hard rock dos anos noventa, Slaughter) fez um teste para ser um baixista na banda de Ozzy e me contou que Ozzy estava procurando um guitarrista. Aparentemente Ozzy passou por todos os guitarristas em Los Angeles, eu nem sabia sobre isso. Eu nunca olhei para audições ou apresentações. Eu estava preso na rotina.
GW: Você gosta de Black Sabbath?
Rhoads: Eu não era um grande fã do Sabbath, para ser honesto. Eles foram ótimos no que faziam; Obviamente eles fizeram bem e fizeram algo grandioso. Eu respeito isso. Não vamos entrar nisso, mas eu não era um grande fã.
GW: Então, como foi fazer o teste para a banda de Ozzy?
Rhoads: Bem, eu estava cauteloso sobre a audição, porque eu nunca tinha ido a uma audição. Quando cheguei lá, Ozzy disse que todos os caras que tinham aparecido tinham trazido stacks Marshall e Echoplexes (unidades de ecos). Eu trouxe um amplificador simples pequeno, comecei a afinar e ele disse: "O show é seu." Eu nem tive a chance de tocar e eu estava em um estúdio de gravação sem tocar com músicos.
GW: Você nem sequer tocou?
Rhoads: Não, eu só afinei a guitarra e toquei alguns riffs, e ele disse: "O show é seu". Eu tive uma estranha sensação, na hora eu pensei: “Você nem sequer me ouviu ainda!”.
GW: Quantos anos você tinha naquele tempo?
Rhoads: 22
GW: Por que você acha que ele te deu o show?
Rhoads: Eu não sei. Talvez ele sabia o som que estava procurando e todos esses outros músicos se mostraram demais. Eu não tive a chance de me mostrar. Eu só comecei a tocar alguns harmonicos e talvez fosse a minha personalidade, porque eu estava realmente quieto e todo mundo estava muito descontraido. Eu ainda não sei.
GW: Quanto tempo levou após isso pra você gravar o álbum?
Rhoads: Dentro de um mês eu fui para a Inglaterra.
GW: Você trabalhou muito no seu som?
Rhoads: No estúdio? Não. Eu não tinha idéia de qual tipo de som usar. Eu costumava brincar com um velho amplificador Peavey. Quando eu comecei a tocar com Ozzy, eu não sabia que equipamento utilizar. Eu conhecia alto-falantes Altec, e eu costumava usá-los. Eu usei um Distortion Plus e um equalizador. Eu apenas deixei tudo regulado no máximo. Acho que metade do som, vem da maneira que você toca.
GW: Me fale sobre suas guitarras.
Rhoads: Eu tenho uma Les Paul creme 1964 e uma Les Paul preta 1957 com três captadores. Eu tenho uma (Charvel) Flying V que Carl Sandoval fez para mim. Ele costumava trabalhar na Charvel mas então ele saiu por conta própria. A Flying V tem um captador DiMarzio Distortion Plus pra ponte e um DiMarzio PAF pro braço. Dos três o único que eu não toquei no Blizzard of Ozz foi o Charvel. Carl fez para mim depois que eu entrei na banda de Ozzy.
GW: O que você procura em uma guitarra?
Rhoads: Trastes pequenos. Eu não consigo tocar trastes grandes. Todos os guitarristas que eu conheço tem trastes grandes. Cada vez que eu compro uma guitarra ou mando fazer, eu tenho trastes pequenos nelas. É quase como a finura dos trastes do violao.
GW: Você gosta do som de captador de bobina dupla?
Rhoads: Sim, mas eu amo o som de uma Strato também. Eu estou à procura de uma Strato velha, mas não para usá-la ao vivo. O som dela não é “gordo” o suficiente.
GW: Cordas e palhetas?
Rhoads: Eu uso cordas GHS, na Inglaterra eu usava Picatto. Eu não uso cordas de tensão leve - é .010 ou .011. Eu gosto de cordas GHS porque elas têm um som metálico. Eu uso palhetas de tamanho medio.
GW: Que pedais você usa?
Rhoads: MXR Distortion Plus, MXR Equalizer, Cry Baby Wah, MXR Chorus, MXR Flanger, Korg Echo.
GW: Você está feliz com o seu trabalho no Blizzard?
Rhoads: Eu estou. O álbum não foi planejado; O que aconteceu foi muito no dia-a-dia. Se estávamos envolvidos em alguma coisa, iríamos fazer isso acontecer; se não estávamos, não iríamos, porque nenhum de nós sabia o que estávamos procurando. O resultado que fizemos foi pura inspiração.
GW: Quanto da música é sua e quanto é de Ozzy?
Rhoads: É tudo nosso. Muitas vezes é uma combinação de sua melodia e um riff meu. Ele começa a cantarolar alguma coisa e eu sigo, "eu tenho uma progressão de acordes que cairá bem com isso."
GW: Me dê um exemplo disso.
Rhoads: "Goodbye to Romance" é um exemplo; "Mr. Crowley "é outro. Várias outras vezes eu estava praticando e ele chegava "eu gostei daquilo - Você se lembra daquilo?". Naturalmente eu nunca podia, então nós faziamos a partir daquele momento e construiamos uma música fora daquilo tudo.
GW: Tem muita coisa legal tocada. Alguma favorita?
Rhoads: "Revelation" é a minha favorita e "Mr Crowley". Ambas tem vários elementos eruditos nelas. Elas são minhas favoritas por causa disso.
GW: Você tem uma abordagem para a criação de seus solos?
Rhoads: Sim. Eu penso sobre as chaves e a escala para a chave. Eu mapeo tudo na teoria e em seguida eu penso sobre qual sentimento eu quero usar e qual a chave que eu tenho que tocar nisto.
GW: Como você compararia o Diary of a Madman ao Blizzard?
Rhoads: No Blizzard, nenhum de nós tinha tocado juntos antes. Tudo estava acontecendo de uma vez: estávamos colocando a banda junto, escrevendo as músicas e gravando ao mesmo tempo. Como resultado, a energia estava lá, mas o material não foi. Para o Diary, nós estávamos pensando mais em termos de canções, em vez de ensaios. Nós colocamos muito mais energia para a composição, enquanto que o primeiro álbum foi tipo: "Regula tudo no 10 e se isso soa bem, apenas toque."
GW: A guitarra no Diary parece ter sido um pouco apressada.
Rhoads: Foi. Para ser honesto, esse álbum foi um pouco apressado. Nós não tivemos muito tempo para escrevê-lo. O material saiu brilhando, mas eu estava um pouco perdido com os licks e o que fazer com eles. Eu não tive tempo o bastante para pensar sobre o que eu queria fazer -- tudo aconteceu tão rapidamente. Nós fizemos o primeiro álbum, saimos em turnê, voltamos e fizemos o segundo. Não levou nem um ano, agora que penso nisso. Acho que foi dentro de seis meses, na verdade.
GW: Quando você trabalha nas partes que você irá tocar, você vai para casa com as faixas básicas e toca junto?
Rhoads: Não, nós só ensaiamos muito. Para o primeiro álbum, eu tive tempo para sentar e dizer: "Eu não gosto daquele solo, não é isso que eu estou procurando". Pro Diary, eu meio que tive que colocar os solos juntos no estúdio. Pelo jeito como eu fiz isso, eu estou feliz. Ainda assim, eu não tive tempo suficiente para procurar o que eu queria tocar. Certamente se tivéssemos mais tempo para escrever o álbum, teria sido diferente, poderíamos ter trabalhado mais nas canções. O que acontecia era que nós ja tinhamos o básico de uma canção e íamos diretamente para o estúdio.
GW: Você se irrita um pouco porque a guitarra não saiu como você gostaria que saísse no album?
Rhoads: Eu me irrito por algumas canções. Nunca cheguei a colocar um solo em "Little Dolls". Eu ia colocar um solo nela, mas não pude. A única coisa que tinha era um “solo guia”. Estávamos correndo no estúdio, porque nós tinhamos que ir à América para começar a turnê.
GW: Você vai ter um melhor dominio no próximo album?
Rhoads: Eu não quero fazer nada apressado. Quero estar preparado para o estúdio.
GW: Aposto que daqui alguns anos você vai dizer que o primeiro álbum foi um bom começo e o terceiro álbum foi o seu maior crescimento como músico.
Rhoads: Eu concordo com isso.
GW: Você está tomando medidas para esta direção?
Rhoads: Eu sinto o meu estilo se inclinando mais para o lado melódico. Quando eu estava estudando música clássica, isto me deu um monte de idéias para a criação de solos. Eu fico pensando que, se eu pudesse apenas estudar de novo, eu poderia ter todo um retorno para estas novas idéias. O que está acontecendo agora é que eu sinto que eu preciso de algumas escalas totalmente novas ou algo assim. Acho que eu toco a mesma coisa e eu meio que fico entediado com isso. Eu quero começar a voltar a praticar. Obviamente, agora é só ir. Não há pausas. Quando eu faço uma pausa, eu quero voltar para o ensino e aprendizagem, tendo aulas. Na Inglaterra, eu tinha um monte de tempo e eu tive aulas de erudito novamente. Se eu tiver um mês de folga, eu vou voltar e ter aulas de música clássica. Eu quero continuar evoluindo.
GW: Ozzy disse que você mencionou em ter um tutor na estrada.
Rhoads: Eu estava pensando que o único meio que eu poderia continuar praticando e tocando é tendo um professor na estrada a cada dia. O custo seria ridículo, mas eu me pergunto se algum dia seria possível. O que eu estou descobrindo agora é que eu vou para a estrada, e além de me apresentar, eu não não tenho certeza do que eu quero fazer. Eu não sei se eu quero ficar e praticar ou sair. Eu preciso de algo para me manter lá, alguma responsabilidade. Eu estou entediado com meu próprio jeito de tocar. Eu vou pegar uma guitarra e parece que é a mesma coisa agora. Preciso de um estímulo total de algum lugar.
GW: Você sente isso, se você pode tocar, então?
Rhoads: Isso é exatamente o que estou dizendo. Eu acho que, bem, ok, você tem que sentar e tocar todos os dias e você acidentalmente vem com coisas novas. Isso é verdade. Se você se sentar com a guitarra o tempo suficiente a cada dia, você vai chegar com coisas novas e você vai melhorando. Mas às vezes é difícil de entrar em estado de espírito.
GW: Eddie Van Halen se tranca e toca por horas.
Rhoads: Eu faço isso. Esse é o melhor caminho. As vezes eu vou para o show cedo e me sento na sala de afinação todos os dias. Mas eu estou achando que estou perdendo meu controle sobre isso agora. O que eu estou dizendo é que, se eu tivesse um professor, isso se tornaria uma responsabilidade: eu estaria pagando esse cara e isso seria o meu compromisso de mantê-lo. Isto é tudo novo para mim e agora estou no meu segundo ano e pensando sobre mudanças de negócios e descobrindo como se manter no topo.
GW: Você acha que está tocando melhor do que um ano atrás?
Rhoads: Eu ganhei muita experiência e isso fica evidente quando toco. Um ano atrás eu estava provavelmente mais na prática de todos os ensinamentos e shows e outras coisas, eu tinha mais tempo pra praticar. Mas o meu estilo mudou agora. Aprendi mais sobre como tocar ao vivo.
GW: Qual é a sua força e qual é a sua fraqueza?
Rhoads: Ótima pergunta. Eu nunca fui perguntado por isso. Minha fraqueza é: insegurança. Eu não vou até ao palco todas as noites com muita confiança. Se o som não está certo, eu fico paranóico. Minha fraqueza é o meu som, também. Eu confio nele cem por cento. Se o som não estiver certo, ele pode acabar comigo.
Minha força é que eu só quero continuar melhorando. Minha força é a minha determinação. Eu não quero estar satisfeito comigo mesmo. Uma vez que você está, para aonde você vai? Você vai continuar no mesmo nível.
Eu tenho que ser honesto: você perguntou: "Qual é a sua fraqueza?". Minha namorada me distrai. Essa é a verdade. Eu não sei se você deve colocar isso. Talvez você devesse dizer que eu me distraio facilmente.
GW: Você quer dizer, por exemplo, se o relacionamento não está indo bem, ou se ela diz: "volte"?
Rhoads: Ambos. Isso é uma coisa que pode me levar pra longe de meu instrumento, que nunca aconteceu no meu passado.
GW: Isso é uma coisa boa, porque as pessoas são melhores do que os instrumentos no final.
Rhoads: Isso é uma coisa boa. Eu deixo de lado minha guitarra por isso, e eu nunca a deixei de lado na minha vida por ninguém.
GW: Você já chegou a ensinar por US$ 8 por meia hora para tocar com o Quiet Riot e hoje toca no grande palco com Ozzy. Não é estranho como de uma hora pra outra as pessoas te consideram grandioso?
Rhoads: É totalmente estranho. E ainda não caiu a minha ficha. Eu ainda tenho o meu passado em mim. Eu acho que eu estou tentando amadurecer, mas eu não tenho meus pés no chão de jeito nenhum. Eu nem sei quem eu sou, ou o que eu sou. As pessoas dizem que isso sobe à cabeça e faz de você um egoista. Isso é um monte de merda. O que isso faz é torná-lo totalmente assustado e modesto. Porque você não entenderá no começo, porque tudo vem pra você muito rápido.
GW: Isso parece fora de proporção?
Rhoads: Ainda não. Primeiro de tudo, eu tenho um longo caminho a percorrer. Ozzy é tão grande e um cara muito humilde e eu acho que isso me ajuda muito. Ele meio que me ensina.
GW: O que ele te ensinou sobre performance no palco?
Rhoads: Eu aprendi muito com ele sobre a movimentação. Minha antiga banda tentava obter a multidão, e a única maneira que nós sabíamos como fazer isso era indo para o topo. Eu aprendi com Ozzy que você não precisa fazer isso se você for bom. Agora eu me movo quando eu quero, não porque eu acho que tenho que fazer isso. Eu não saio fazendo isso com ele, mas eu aprendi imediatamente de sua personalidade que isso não é preciso.
GW: Ter o centro das atenções tornou mais difícil você ser um guitarrista?
Rhoads: Não, mas isto é um sinal que eu realmente tenho que começar a conter minha guitarra agora. Não importa mais apenas tentar o seu melhor, você tem que ser grande agora. De repente estou sob um tipo diferente de pressão. É uma pressão que você sempre tem que ser melhor do que a si mesmo, que é uma coisa difícil de ser. Eddie é grande. Eu não quero chegar perto de competir com pessoas assim.
Mesmo agora, tudo acontece tão rápido nessa banda que eu não tive tempo para pensar o que eu quero fazer. Por exemplo, eu farei um solo ao vivo e eu vou fazer um monte de coisas que Eddie Van Halen também faz e isso me mata. É rápido e impressiona os jovens, e eu estou tentando fazer um nome tão rápido quanto eu posso. Eu queria ir com calma e chegar com algo que ninguém fez. Mas, infelizmente, vai demorar alguns anos.
GW: Você pode fazer algo que você ira se orgulhar no contexto de um show?
Rhoads: Eu não posso. Nós tentamos: durante o show, temos um pedaço de cinco minutos, onde Tommy (Aldbridge, bateria) começa a fazer um solo, e então eu faço outro. Cinco minutos entre nós dois não é muito tempo. Além disso, as pessoas que vão para o show não estão intessadas em perícia musical. Se eu me sentar e começar a tocar algo erudito, a maioria das pessoas não irão se impressionar. São headbangers. Ozzy tem um incrível retorno do seu público e a maioria das pessoas querem tudo dele para se mover sem parar. Eu experimentei com muitas coisas e tentei tirar alguma coisa erudita disto, mas eu realmente não poderia obtê-las com este conjunto. É repentino. Os solos são apenas para mostrar Tommy e eu. Ao mesmo tempo, não é do tipo como: “isto é o que eu posso fazer”. É apenas um rápido piscar de olhos.
GW: Então o que você faz para ter estimulação musical?
Rhoads: Eu estou preso a este grupo agora, e eu não estou no controle do ritmo. Portanto, é uma espécie de asfixia, às vezes. Eu estava pensando, uma das maiores coisas seria tocar em discos de outras pessoas. Eu poderia me desenvolver muito com isso. Eu poderia tocar de uma maneira diferente e saber se cairia bem. Isso também iria espalhar o meu nome em diferentes áreas. Agora é muito limitado. Ozzy Osbourne é tão heavy metal quanto se pode ser, e muita gente nem sabe como é limitado por causa disso. É quase como ser o Kiss.
É por isso que eu estou pensando em estudar música clássica. É totalmente diferente para mim. Eu estava acostumado a ter aulas e ensino durante todo o dia. Novas idéias foram entrando e saindo do meu cérebro todos os dias. O que eu estou lidando agora é uma combinação de idéias preso às turnês, porque esta banda passeia muito. Está tudo na minha cabeça. Eu tenho que juntar tudo. O principal que estou passando é como voltar a ser um músico. Esse é o meu maior problema. Voltar a ser um músico e escapar dessa coisa toda de, eu não quero dizer "rock star", porque eu não sou. Mas eu quero ficar longe de distrações de sucesso.
GW: Você daqui 5 anos.
Rhoads: Daqui 5 anos? Gostaria muito que as pessoas me vissem como um herói da guitarra. Eu gostaria de ser capaz de fazer algo mais instrumental. Algum dia talvez eu lance um álbum solo aonde eu possa colocar um monte de instrumentos. Eu gosto de vários diferentes tipos de música.
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